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O uso do Cinturão na prática do CrossFit é bom ou ruim?

Índice:

uso do Cinturão
uso do Cinturão

Cinturão, joelheira, munhequeira, palmilha, lifter, tornozeleira, hand grip, strap

Se você é crossfiteiro já deve ter ouvido falar em pelo menos um desses acessórios.

Neste artigo nós vamos falar sobre o cinturão e explicar quando ele é útil e quando é melhor deixá-lo de lado.  

 Proteção: o cinturão é útil quando usado para proteção do atleta

 Compensação: mas não é bom quando usado para compensação.

Neste artigo vamos entender como identificar quando usamos o cinturão como proteção ou compensação.

E se quiser saber sobre todos os acessórios, clique aqui e baixe o e-book: 

Proteção x compensação

É comum que os praticantes de CrossFit sejam adeptos dos acessórios porque, em geral, eles auxiliam na sua performance, fazendo com que tenham um desempenho melhor do que se não estivessem usando.

Mas para determinar se este uso é bom ou ruim é preciso avaliar a forma como eles estão sendo utilizados. 

Se o praticante está usando o acessório para a sua proteção, o seu uso é recomendado.

Mas se o acessório está sendo utilizado para compensação, como compensar a fraqueza de um músculo postural, a falta de coordenação ou a falta de habilidade do praticante, o seu uso passa a ser ruim. 

O que significa essa compensação? 

 1. Compensação de Amplitude

Vamos usar as articulações do nosso corpo para explicar: cada articulação possui uma amplitude de movimento. Se nós conseguimos fazer um movimento com o grau de amplitude completo dessa articulação, sem a necessidade de fazer outras compensações posturais, nós temos um movimento normal, fluido, sem restrições.

Porém, quando nós temos uma amplitude de movimento reduzida, teremos uma série de compensações em outras partes do corpo. 

Neste caso, o acessório vai compensar a dificuldade na movimentação das articulações.

2. Compensação de fraqueza muscular

Um outro tipo de compensação que os acessórios podem fazer é da fraqueza muscular.

O músculo é o único tecido no corpo humano capaz de gerar movimento. Todos os movimentos de todas as articulações são controlados por algum músculo. Se o músculo não funciona corretamente para controlar essa movimentação, significa que ele não tem a capacidade de proteger a articulação em sua amplitude de movimento.

Existem alguns acessórios que suprem essa fraqueza como o grip, o strap e a cinta, que faz uma compensação da musculatura abdominal.

Entendido os conceitos de proteção e compensação, agora vamos falar especificamente do cinturão e saber como ele pode proteger ou gerar compensação?

E se quiser saber mais sobre cada um dos acessórios usados no CrossFit, clique aqui e baixe o e-book:
O uso de acessórios na prática do CrossFit é bom ou ruim?”. 

O cinturão

Podemos dizer que, entre todos acessórios, o cinturão é o mais utilizado.

Muito usado na musculação para fazer agachamento, ele tem a finalidade de manter o bom alinhamento da coluna durante o levantamento de uma carga maior. 

Contornando toda a cavidade abdominal, o cinturão aumenta a pressão dentro do abdômen deixando a lombar mais rígida. Ele cumpre um papel semelhante aos músculos do abdômen. 

Quando o uso do cinturão é bom?

Imagine um levantador de powerlifting, uma modalidade esportiva onde se faz um movimento de supino, um movimento de levantamento terra e um agachamento back squat.

Nessa modalidade, o praticante levanta de 200 a 300 kg no levantamento terra. O corpo inteiro é submetido a muita carga e atinge um nível de estresse em que não é possível ter um controle total da musculatura do abdômen e manter a pressão intra-abdominal. 

 

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O praticante, então, faz uso de um cinturão extremamente apertado, que dificulta, inclusive, a respiração. A execução do movimento é feita em apnéia, gerando um pico de pressão intra abdominal e, consequentemente, gerando estabilidade.

O cinturão serve tanto como um protetor para a lombar, mantendo o alinhamento da coluna, quanto para reforçar a musculatura do abdômen, aumentando a pressão intra abdominal.

No CrossFit o cinturão é muito utilizado nos levantamentos de peso com a mesma função de proteção. 

Um pouco mais maleáveis se comparados aos cinturões do powerlifting e fechados com velcro, os cinturões do CrossFit permitem, inclusive, que os crossfiteiros façam provas de levantamento de peso intercalado com corrida, soltando e apertando o cinto com mais facilidade entre um movimento e outro.

O cinturão exerce a sua função de proteção quando é necessário – no levantamento de peso – e não atrapalha a respiração durante a corrida.

Em resumo, o cinturão é bom quando:

– levantamos muita carga;

– atingimos um nível de fadiga muito grande.

Com a fadiga perdemos o controle do movimento, o nível de atenção e a disponibilidade dos músculos posturais para controlar o movimento. 

Nossos movimentos perdem qualidade e o cinturão vai compensar a fadiga e exercer seu papel de proteção.

Quando o uso do cinturão é ruim?

O cinturão é ruim a partir do momento em que passa a ser usado constantemente, sem critérios. 

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Ao fazer isso o praticante está impedindo que a musculatura abdominal se desenvolva e faça o seu trabalho de estabilizar a lombar e controlar a respiração, assim como de exercer outros controles da cavidade abdominal como fazer xixi ou fazer cocô.

Usar o cinturão constantemente é não dar chance para o corpo se organizar e aprender a ativar os músculos no momento certo. É deixar de usar uma musculatura que precisa ser exercitada e estimulada para funcionar.

Os sintomas de quem faz uso dos acessórios

Em geral, existem 3 principais sintomas de quem precisa fazer uso dos acessórios, que são:

– a compensação das pequenas dores;

– a compensação do baixo desempenho;

– e uma alta dependência deles.

Vamos entender um pouco como funciona cada um desses sintomas.

A compensação das pequenas dores

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É algo que acontece muito no uso do cinturão.

Muita gente começa a sentir uma dor lombar, uma pontadinha nas costas ou começa a sentir as costas mais rígidas. 

A primeira coisa que elas fazem é comprar um cinturão para proteger a lombar, em vez de investigar o que está provocando essa dor: se é somente um episódio de contratura muscular ou se tem alguma compensação postural.

E o cinturão passa a ser usado para mascarar essa dor.

A compensação do baixo desempenho

Um exemplo de compensação do baixo desempenho é no uso do grip. Se o atleta executa trinta toes to bar com o grip e sem ele não consegue executar dois, é sinal de que está havendo uma grande compensação de força muscular na pegada. 

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Então ele deveria pensar porque não tem força suficiente para ficar pendurado com as próprias mãos. Além disso, ele está em risco, porque depende da aderência do grip para permanecer na barra e, se alguma coisa acontece com o acessório, ele pode cair.

A alta dependência dos acessórios

Para explicar esse sintoma vamos voltar ao uso do cinturão quando o atleta sente dores na lombar.

Quando ele passa a usar o cinturão, a dor realmente melhora e ele começa a ficar dependente desse acessório.

Então é muito comum vermos alguém que faz burpee com cinturão, alguém pulando corda com o cinturão e até alguém subindo escada com o cinturão.

E essa dependência é prejudicial para a evolução nos treinos, porque o cinturão muda a musculatura do abdômen, muda a forma como o corpo pensa para estabilizar o abdômen e, em vez de resolver o problema, no fundo está piorando.

É o mesmo que um atleta ir para a musculação e usar um elevador elétrico de levantamento de carga. Ele coloca esse elevador em todos os aparelhos para puxar e soltar os pesos no seu lugar. 

Ele não está trabalhando nada, não está colocando a sua musculatura para trabalhar. Mas está colocando algo para compensar o que ele não tem.

Esse é o pensamento dos atalhos, de querer melhorar uma dor lombar sem entender de onde ela vem.

E há um outro detalhe: quando ele não está usando o cinturão, ele contrai o abdômen. E quando ele está usando, ele faz exatamente o oposto. E o corpo dele começa a acreditar que esse oposto está correto, quando na realidade está incorreto.

Imagine um crossfiteiro com 2 anos de prática que começou a se desenvolver e ficar mais forte. Ele teve a idéia de filmar seus treinos e percebeu que estava fazendo uma série de compensações durante o levantamento de peso: o joelho entrava, o quadril ficava para trás, a barriga ficava para frente, o ombro entrava e voltava. 

O atleta passava a impressão de alguém que estava levantando mais peso do que deveria.

E o que que ele fez então? Comprou um cinturão, um lifter e uma munhequeira.

Embora o atleta tenha ficado mais firme de fato, era como se ele estivesse amarrado e sendo sustentado somente pelos acessórios. Se todos esses acessórios se soltassem ao mesmo tempo, seria como uma bexiga se esvaziando. 

Esse atleta de 90 kg aguentava levantar 110 kg no clean and jerk, mas a que custo? 

Ao custo da sua evolução real no esporte.

Será que vale a pena?

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Conclusão

Neste artigo abordamos os acessórios sob duas óticas: proteção e compensação.
Quando o cinturão é usado para proteger em uma situação pontual em que se busca um recorde de levantamento pessoal ou em uma competição é a forma recomendada.

Quando eles são usados como uma compensação e o atleta se torna dependente do cinturão para ter um bom desempenho nos treinos, ou para evitar um incomodo ou uma dorzinha, pode estar mascarando um problema.

E como resolver esse problema então?

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O fisioterapeuta do esporte é o profissional capacitado para avaliar porque está havendo essa compensação e identificar o que está causando a dor, que não chega a ser uma lesão, mas que impede o atleta de evoluir no esporte.

Se você está passando por um problema similar, entre em contato e agende uma avaliação: 11 93950-9909

  • Fisioterapeuta pela Universidade de São Paulo – USP
  • CREFITO-3: 293897-F
  • Especialização em Esporte e Exercício– Hospital das Clinicas da Faculdade Medicina USP (HCFMUSP)
  • Experiência na reabilitação focada em terapia manual e na reabilitação ortopédica de ombro e cotovelo na Articulab
  • Supervisor das extensões acadêmicas Liga de Fisioterapia Esportiva-USP e Fisioterapia Pró-Seleção – USP
  • Trabalhos em eventos:
    • IRONMAN 40.3 – São Paulo,
    • Desafio do Mano – RedBull,
    • BJJSTARS IV, V e VI edições.
  • Praticante de Crossfit e Jiu-jitsu