O uso de Munhequeira na prática do CrossFit é bom ou ruim?
A munhequeira, como você já deve saber, serve para proteger o punho.
Temos vários tipos de munhequeiras: as munhequeiras tipo faixa, que enrolam nos punhos, e as munhequeiras de vestir, como os modelos de neoprene ou de elástico, que parecem uma meia.
No CrossFit, assim como nas ginásticas artística e olímpica, é comum o uso de outros protetores de punho: como Grip, que é uma fita de lona que abraço o punho e serve para dar mais aderência tanto nas barras assimétricas quanto nos exercícios com argolas; e o Strap, que é como uma fita que prende no punho e confere uma maior força da pegada na barra.
Algumas pessoas usam a munhequeira para esquentar os punhos, principalmente nos climas mais frios, quando é comum sentir dor na região por ser uma articulação mais sensível.
Outras pessoas usam a munhequeira no tênis como uma espécie de toalhinha para secar o suor.
E outras utilizam para dar mais estabilidade e rigidez ao punho, como no boxe por exemplo. O uso da munhequeira tira a amplitude de movimento e deixa o punho mais rígido, dando mais firmeza ao soco.
Quando o uso da munhequeira é bom?
O uso da munhequeira vai ser bom em um pós operatório de punho. Após a cirurgia é normal que o punho fique mais sensível e que, ao final da amplitude de movimento, haja um certo desconforto.
Neste caso a munhequeira vai proteger, impedindo que se chegue ao final da amplitude de movimento.
O protetor de punho também é útil nas práticas de alto desempenho, onde ele pode ser, inclusive, decisivo.
Quando alguém vai fazer 50 movimentos de bar muscle up, por exemplo. A fadiga muscular que o atleta vai sentir a partir da 30ª repetição pode ser decisiva para que ele perca a competição.
Neste caso, o uso de um protetor como o grip pode fazer toda a diferença.
E também podemos citar o exemplo da ginástica olímpica, quando uma atleta que vai competir nas barras assimétricas precisa de um reforço que vai além da capacidade física dela.
Neste caso, não se trata de uma pessoa que nunca treinou e que corre o risco de soltar a barra por causa da fraqueza na pegada.
Mas de alguém que está procurando melhorar sua performance, e acha que este acessório traz proteção para que as suas mãos não escapem da barra por qualquer motivo.
No CrossFit é a mesma coisa: quando há a necessidade de um alto desempenho, é comum ver os atletas usando o grip, já que ele aumenta a aderência na barra e melhora os movimentos dos ginásticos, melhorando a performance.
Como no levantamento terra, por exemplo, em que é normal levantar 200, 300 kg, e se torna muito mais difícil segurar a barra somente com as mãos.
Então, para não ficar limitado somente à força da pegada das mãos, que acaba sendo o elo mais fraco de toda a cadeia, e conseguir levantar mais peso, os atletas fazem uso do grip ou do strap.
Mas o atleta não pode esquecer de trabalhar o fortalecimento do punho, treinando sem estes acessórios e fazendo força com a mão na barra mesmo.
Quando o uso da munhequeira é ruim?
O uso da munhequeira é ruim quando ela serve para compensar uma fraqueza dos punhos, como na amplitude de movimento reduzida ou na pouca força muscular.
Quando o praticante vai fazer o Handstand Walk, por exemplo, ficando de ponta cabeça e apoiando todo o peso do corpo nas duas mãos. Muitas pessoas sentem dor no punho ao fazer esse apoio e usam a munhequeira.
O uso da munhequeira diminui a necessidade do uso da força, da amplitude e dos pequenos movimentos de ajuste que são necessários no punho para ficar de ponta cabeça.
A munhequeira, neste caso, está sendo usada para compensar uma fraqueza dessa musculatura, que não aguenta o peso do corpo inteiro em cima das mãos.
Quando o melhor seria trabalhar essa musculatura para sustentar o corpo se o praticante deseja realmente evoluir no esporte.
Os outros protetores de punho, como o grip, tem a finalidade de trabalhar junto com os músculos da pegada, que são os flexores de dedo e flexores de punho, e aumentar a aderência em relação às barras.
Principalmente quando o praticante fica pendurado na barra.
A primeira coisa que alguém que nunca fez esse movimento sente são as mãos, não conseguindo ficar pendurado porque elas doem. E o grip supre grande parte dessa fraqueza.
Lembrando que, muitas vezes, não se trata somente de fraqueza.
Usando a mesma comparação entre o levantador olímpico e alguém que pratica CrossFit há 2 anos, vamos comparar um atleta de ginástica olímpica que treina constantemente nas barras e uma empresária que nunca fez musculação e nunca levantou peso antes.
O atleta olímpico vai ter, naturalmente, “a mão mais grossa”, com a pele mais adaptada e que proporciona o atrito necessário no contato com a barra.
A empresária que nunca levantou peso vai ter que sustentar 65 kg nas duas mãos acima da cabeça. Obviamente ela tem uma pele mais sensível e menos força para fazer esse movimento.
Então, além de não ter uma estrutura de pele para lidar com o impacto dos ginásticos, ela também não tem uma estrutura de força para apertar a barra e segurar os seus 60, 70 kg nessa posição.
Isso acontece principalmente com as mulheres, que tem uma pele mais fina e delicada quando comparada aos homens, que tem a mão um pouco mais robusta.
É neste ponto que reforçamos novamente: é preciso trabalhar a força e não atribuir toda a segurança ao grip.
Ainda mais quando pensamos que a situação vai piorar quando entrar o movimento de balanço: com a velocidade, o peso relativo vai aumentar e se tornar maior do que o peso real dela, ficando ainda mais difícil que ela se mantenha segura na barra.
O grip vai mascarar essa fraqueza que deve ser superada.
Esse acessório até pode ser usado para evitar que o praticante se machuque, mas é preciso ter consciência da necessidade de fortalecer as mãos e os punhos para ter mais força na pegada. Principalmente os iniciantes na prática do CrossFit.
Saiba quando os acessórios são ruins
Os acessórios são ruins quando são usados como compensação de algum problema ou limitação, os 3 principais tipos de compensação são:
– compensação por causa de pequenas dores;
– compensação devido ao baixo desempenho;
– alta dependência de acessórios.
Vamos entender um pouco como funciona cada um desses sintomas.
A compensação por causa de pequenas dores
A primeira coisa que as pessoas fazem quando sentem uma dorzinha ou um leve incomodo é comprar um acessório para não piorar o problema, o que é errado, pois isto só vai mascarar o problema, podendo até piorá-lo.
A dor é sintoma de que algo esta errado, precisa investigar o que está provocando essa dor: se é somente um episódio isolado ou se tem alguma compensação postural.
A compensação devido ao baixo desempenho
Um exemplo de compensação do baixo desempenho é no uso do grip. Se o atleta executa trinta toes to bar com o grip e sem ele não consegue executar dois, é sinal de que está havendo uma grande compensação de força muscular na pegada.
Então ele deveria pensar porque não tem força suficiente para ficar pendurado com as próprias mãos. Além disso, ele está em risco, porque depende da aderência do grip para permanecer na barra e, se alguma coisa acontece com o acessório, ele pode cair.
Alta dependência dos acessórios
Para explicar esse sintoma vamos voltar ao uso da munhequeira quando o atleta sente dores no punho.
Quando ele passa a usar a munhequeira, a dor realmente melhora e ele começa a ficar dependente desse acessório.
E essa dependência é prejudicial para a evolução nos treinos, porque a munhequeira esta mascarando uma fraqueza ou falta de amplitude no movimento. Com a munhequeira não está colocando a sua musculatura para trabalhar. Mas está colocando algo para compensar o que ele não tem.
Conclusão
Quando o uso dos acessórios é feito de forma pontual como uma proteção esta cooreto.
No caso da compensação, geralmente acontece quando o praticante sente alguma dor que não o impede de treinar, mas ele não consegue identificar a causa. Ele fala com o coach, que passa alguns exercícios educativos ou de fortalecimento, mas a dor não passa. Vai ao médico, faz exames de imagem e não aparece nada, nenhuma fratura, nenhuma tendinite, nenhuma ruptura de ligamento.
Mas a dor continua e o atleta sente que não dá para confiar naquela parte do corpo, seja o punho, joelho, a lombar, o tornozelo ou o cotovelo. E não tem uma solução, porque a causa não foi identificada.
É nesse ponto que o uso de acessórios são utilizados para compensar a dor ou limitação. Mas, conforme já dissemos, os acessórios irão somente mascarar o problema, e talvez até piorá-lo.
E como resolver esse problema então?
O fisioterapeuta do esporte é o profissional capacitado para avaliar porque está havendo essa compensação e identificar o que está causando a dor, que não chega a ser uma lesão, mas que impede o atleta de evoluir no esporte.
Ele fará isso através da reeducação do movimento, que ajuda o corpo a reorganizar o movimento da forma correta biomecânicamente, eliminando a dor e a necessidade de compensação.
Identificou-se com o problema? Entre em contato e agende uma avaliação: 11 93950-9909