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O uso de Joelheira na prática do CrossFit é bom ou ruim?

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Joelheira
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O uso de Joelheira na prática do CrossFit é bom ou ruim?

A estrutura do joelho consiste basicamente em um osso empilhado em cima de outro. É uma estrutura frágil onde não existe um encaixe ósseo, não há uma congruência articular que dê estabilidade passiva para essa articulação.

Comparando com outras articulações, como o quadril e o tornozelo, percebemos essa fragilidade.

Tanto no quadril quanto no tornozelo há um bom encaixe, onde um osso envolve o outro. Podemos comparar com a tampa de um vidro, onde essa tampa envolve todo o vidro promovendo o encaixe entre as partes.

Mas no joelho é como se houvesse apenas 2 objetos empilhados, fazendo com que ele dependa muito mais da musculatura ao seu redor para promover a estabilidade ativa dessa região.

Quando fazemos corrida, levantamento e salto, que são algumas das exigências do CrossFit, exigimos muito dessa estrutura que é mais sensível.

Então é comum que as pessoas, ao sentirem alguma dor do joelho, ou mesmo para se sentirem mais confortáveis durante o treino, acabem aderindo ao uso da joelheira.

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O uso de acessórios na prática do CrossFit é bom ou ruim?”.

Quando o uso da joelheira é bom?

Existem algumas joelheiras que são utilizadas nos casos pós-cirúrgicos, como o brace articulado. Elas são usadas para limitar a amplitude de movimento, e o médico consegue ter um controle maior nesse pós-operatório, controlando a angulação do brace.

Para proteger a articulação nesse momento mais sensível, ele controla quantos graus a pessoa pode movimentar de acordo com o processo de cicatrização.

Nesses casos a pessoa consegue fazer as atividades do dia a dia e até treinar, e a joelheira exerce um papel extremamente protetivo, controlando a angulação do joelho.

Existem alguns tipos, inclusive, que possuem hastes metálicas nas laterais do joelho, proporcionando maior rigidez e controle para a articulação.

Então, usar uma joelheira para suprir uma necessidade momentânea que essa pessoa tem, como uma recuperação pós-operatória, é extremamente benéfico.

Mas é claro que ela não vai fazer um treino muito difícil ou que exija além da sua capacidade. Vai fazer um treino adequado à alguém que está com o joelho machucado e com as suas funções limitadas.

O uso da joelheira será bom, então, para casos específicos de proteção como o pós-cirúrgico ou, assim como o cinturão, em uma prova de superação, em que o praticante precisa proteger a articulação porque está usando a carga máxima.

Agora vem a pergunta de milhões:

“Por que a joelheira não pode ser usada se com ela eu me sinto muito mais seguro e confortável para treinar?”

É sobre isso que falaremos a seguir. 

Quando o uso da joelheira é ruim?

Muitas vezes o uso da joelheira tem mais a ver com uma crença de quem usa do que com a sua utilidade em si. O praticante sente o joelho mais quente, mais confortável e, por isso, se sente mais seguro para treinar.

A joelheira se torna quase um mascote, uma parte da perna e se ele está sem esse acessório se sente inseguro e treina mal porque sente uma dorzinha ou um incômodo leve.

Esse incômodo pode ser só a sensação gelada de encostar o joelho no chão, mas ele atribui isso à falta da joelheira e passa a associar a qualidade do treino ao uso do acessório.

Uma situação bastante comum é um iniciante no CrossFit que chega com uma dor no joelho porque trabalha o dia todo em pé ou, ao contrário, porque passa muito tempo sentado. 

Essa pessoa chega com uma crença de que precisa usar um reforço no joelho e que, se o joelho não é bom, ela precisa usar joelheira.

Mas a verdade é que, se o joelho não está bom, alguns fatores que conferem estabilidade à região, como força muscular e coordenação, estão em falta. E nesse caso não adianta exigir demais nos treinos. 

Toda articulação tem um músculo que controla e protege seu movimento. Se o músculo não está forte o suficiente para exercer esse controle não existe uma capacidade ativa de controlar a articulação. 

Não adianta expor o joelho a uma carga ou treino intensos se a articulação não tem condições de suprir essa demanda. E colocar uma joelheira nessas condições é deixar de evoluir nos treinos, sem o trabalho correto para ficar mais forte e condicionado, que é o objetivo de qualquer prática esportiva. 

É dar uma solução momentânea e permanecer na limitação.

Um outro exemplo prático é alguém que vai correr uma maratona. Essa pessoa deve comprar uma boa joelheira? Não. Ela deve treinar para fortalecer a sua musculatura e para que o seu sistema cardiovascular seja mais condicionado.

Até porque a maioria das joelheiras não protege contra o impacto no joelho, que é uma das maiores causas de lesões no menisco.

A maioria delas também não protege contra o movimento de rotação – um dos movimentos mais lesivos nessa região – que gera as lesões mais prevalentes no joelho, como a ruptura do ligamento cruzado anterior e a ruptura do menisco.

A solução para as pessoas que não conseguem treinar sem a joelheira é adaptar aos poucos, adotando o uso de uma joelheira menos forte e menos apertada e, em contrapartida, fortalecer a musculatura que protege o joelho para conseguir estabilizá-lo.

É necessário trabalhar, ao mesmo tempo, a musculatura e a crença desta pessoa de que ela precisa da joelheira para treinar.

Resumindo: treinar constantemente com joelheira não é bom. 

Se existe dor ou limitações durante o movimento é preciso dar um passo atrás e trabalhar essas limitações. Se mesmo assim a dor persistir e aliviar somente com o uso da joelheira, é essencial procurar um médico para entender o que está acontecendo.

O que não pode é usar a joelheira para mascarar o problema.

Para finalizar o tema das joelheiras, trazemos uma curiosidade: você sabia que demora em média de 5 a 6 anos para que um levantador de peso olímpico atinja a maturidade na prática do esporte? 

Quando falamos em maturidade não falamos somente sobre a técnica, mas sobre as adaptações necessárias do corpo, como os ossos mais densos e as articulações mais preparadas para executar o movimento com a carga máxima. 

Agora imagine na prática do CrossFit, onde há o levantamento máximo de peso a cada 2 meses. Obviamente vai demorar muito mais tempo para atingir essa maturidade.

Não adianta pensar que, somente com um ou dois anos de prática de CrossFit, um acessório como a joelheira vai proteger o joelho contra uma carga máxima. 

É preciso treino, consistência, fortalecimento da musculatura e adaptação do corpo.

Conclusão

A joelheira usada para proteção é a forma recomendada e correta para o uso deste acessório. Normalmente utilizada em reabilitação ortopédica ou em uma situação pontual em que o atleta busca um record pessoal.

A joelheira usada em todos os treinos, onde o atleta se torna dependente dela para ter um bom desempenho, ou para não sentir aquela dorzinha ou leve incomodo, a joelheira pode estar mascarando um problema.

Como descobrir qual é o problema?

Procure um fisioterapeuta do esporte. Através da reeducação do movimento, que ajuda o corpo a reorganizar o movimento da forma correta biomecânicamente, irá identificar e planejar um tratamento para resolver a causa do problema, eliminando a dor e a necessidade de compensação.

Quer descobrir seu problema? Entre em contato e agende uma avaliação: 11 93950-9909

  • Fisioterapeuta pela Universidade de São Paulo – USP
  • CREFITO-3: 293897-F
  • Especialização em Esporte e Exercício– Hospital das Clinicas da Faculdade Medicina USP (HCFMUSP)
  • Experiência na reabilitação focada em terapia manual e na reabilitação ortopédica de ombro e cotovelo na Articulab
  • Supervisor das extensões acadêmicas Liga de Fisioterapia Esportiva-USP e Fisioterapia Pró-Seleção – USP
  • Trabalhos em eventos:
    • IRONMAN 40.3 – São Paulo,
    • Desafio do Mano – RedBull,
    • BJJSTARS IV, V e VI edições.
  • Praticante de Crossfit e Jiu-jitsu